Nos lençóis de seda em mar sereno
Tocam os dedos de um sol madrugador…
Desperta o planar de uma gaivota
No desabrochar de uma fina flor
Desamarro das margens do rio
Batel pintado com cheiro de jardim…
Redes enleadas no engodo do amor
Veste-se tímida a manhã num cais de cetim
Zarpo ao encontro do sol
Horizontes onde as sereias cantam …
Erguem-se nas caudas de fabulosas baleias
Salpicos de magia, sonhos que se agigantam
Nascem os medos das tormentas
Tempestades sem eira nem beira…
Recolho versos e remo com braços de velas
Rumo às vagas, oceanos sem esteira
Liberto às estrelas o olhar
Que transborda sonhos de menino…
Com olhos de luz aprende a sonhar
Conta fixadas estrelas em desalinho
Desamarram-se no fundo, os corais!
O velejar da poesia em que mareio…
Abrem-se as conchas jogadas ao mar
Búzios ecoam nas nuvens do devaneio
A lua faz-me acreditar!
Os rios desaguam esperança…
O horizonte estende-me a mão
Rasgam-se sorrisos de criança
Atlânticos enchem-se de luz
A garça sem par voa em bandos…
O vento amarra o tempo em remoinhos
Saltam golfinhos, o grunhir dos encantos
Abro as janelas á imaginação
O isco é lançado na rota de um navio…
Inundo a alma no azul profundo
Barcaça que flutua no desvario
A lua despe o véu deixando cair o luar
Com ele descendem estrelas e sonhos risonhos…
Mergulho os anzóis ao fundo dos céus
E somente serei, um pescador de sonhos!