Eu vejo a mão de Deus
Nos últimos 20 anos, a carioca Maria Cristina Mel de Almeida Costa –
ou simplesmente Cristina Mel – acompanhou de perto a evolução da música
gospel brasileira. Do tempo em que cantava versões de Amy Grant e Sandi
Patty, no começo dos anos 1990, ao recente e emocionante videoclipe
“Milagres”, em homenagem à filha Isabella Mel, Cristina viu de perto
gravadoras surgirem e desaparecerem num piscar de olhos, ao mesmo tempo
em que testemunhou o fortalecimento de grandes grupos de comunicação
evangélicos.
Na mesma velocidade em que o CD destronou o LP, e já foi ultrapassado
pelo MP3, essa cantora de voz aguda e poderosa extensão vocal também
viu sua carreira decolar e seu nome tornar-se quase uma unanimidade
entre crítica e público. Em duas décadas, lançou mais de 30 álbuns,
entre LPs, CDs e DVDs, todos premiados, no mínimo, com disco de ouro,
somando mais de 6 milhões de cópias vendidas. Foi a primeira cantora do
segmento, no Brasil, a lançar um CD, a ter uma página na internet e a
ser indicada para o Grammy Latino. Ganhou vários Troféus Talento, a
maior premiação da música gospel nacional. É uma das pioneiras do
segmento infantil, sendo a primeira de estilo “adulto” a ter uma
carreira paralela destinada aos pequeninos.
Mas a melhor definição para Cristina Mel não está nos números nem nos
prêmios. Também não está na qualidade indiscutível de sua
interpretação, tampouco na simpatia que lhe rendeu o apelido, hoje
incorporado ao nome de batismo. Para definir Cristina Mel de forma
precisa, deve-se voltar ao ano de 1994, época do lançamento do álbum
“Refúgio de Amor”, e ouvir a música “A Mão do Mestre”. É como uma
autobiografia cantada. Cristina Mel é alguém que vê a Mão de Deus
conduzir sua vida pessoal e profissional.
A conversão
Filha primogênita de Elmiro Nunes de Almeida e Marli Asmar de
Almeida, Cristina Mel é um milagre desde o nascimento. Ainda aos 8 meses
de gestação, sua mãe foi submetida a um parto de emergência, pois tinha
descolamento total da placenta e os médicos acreditavam que a criança
estava morta. Mas o Mestre tinha planos muito maiores para aquele bebê
prematuro, que nasceu às 20h25 do dia 10 de março de 1964, no Hospital
Alexander Fleming, no bairro de Marechal Hermes.
A Mão de Deus levou Maria Cristina a diferentes caminhos até
transformá-la na Cristina Mel que todos conhecem hoje. Sempre estudiosa,
ela cursou inglês e espanhol, conquistou diplomas de proficiência em
inglês nas universidades de Cambridge (Inglaterra) e Michigan (EUA),
formou-se em Letras (Português / Inglês) na Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) e tornou-se professora. Todos esses caminhos,
aparentemente sinuosos, foram na verdade o atalho que o Criador traçou
para a redenção de uma adolescente que era religiosa, mas não conhecia o
Deus Vivo, e que vivia num lar conturbado.
Aos 16 anos, num momento de tristeza, devido ao divórcio dos pais,
foi convidada por uma amiga evangélica para assistir, numa igreja
carioca, a um grupo de adoradores americanos, The Continental Singers
and Orchestra, sob o pretexto de praticar inglês. Ali Cristina entregou
sua vida a Jesus Cristo e viu o fel de sua vida se transformar em mel.
Um novo coração, uma nova vida, com perdão, restauração, alegria e paz.
Surgia Cristina Mel.
O início da carreira
A carreira de cantora começou a se desenhar como solista do coral da
Igreja Batista de Tauá (Pr. Josué Valandro), no bairro da Ilha do
Governador. Em 1990, Cristina Mel foi convidada por Isaias Costa,
vocalista e diretor da Banda Shaddai, para fazer backing vocal no
lançamento de seu primeiro LP. Acreditando no potencial de sua
“descoberta”, Isaias levou uma fita cassete de Cristina Mel até Elias e
Rosely de Carvalho, diretores da gravadora paulista Bompastor, na época a
líder de mercado. Imediatamente o casal reconheceu o talento especial
que Deus dera a Cristina e dois dias depois ela assinava contrato.
Naquele mesmo ano era lançado o LP “Tá Decidido”, que mostrava
Cristina Mel num visual despojado, vestindo casaco de couro e jeans,
trajes até então pouco usuais para uma evangélica. O disco reunia
versões de sucessos de Amy Grant, Sandi Patty e Eve, entre outros, e
tinha como destaque a faixa-título, que se tornaria um de seus
principais hits. Anos mais tarde o disco foi relançado em CD, o primeiro
de uma cantora gospel brasileira.
Cristina Mel permaneceu seis anos na Bompastor, onde lançou outros
cinco álbuns: “Pra Sempre” (1992), que revelou o sucesso “Pra Sempre em
Meu Coração”; “Mil Horizontes” (1993), já com músicas de autores
nacionais; “Refúgio de Amor” (1994), no qual estreava como compositora,
na música “Saudade”, e também produtora; “Mel” (1995), cujo carro-chefe
foi o sucesso “Santo Deus, Usa-me”; e “Gratidão” (1996), álbum que
trazia uma característica marcante dos futuros trabalhos de Cristina
Mel: a ousadia de utilizar ritmos diferentes e nada tradicionais nas
igrejas, do forró ao samba.
Grandes gravadoras
Em 1997, Cristina Mel estréia na MK Publicitá, atual MK Music, com o
disco “Dê Carinho”, que ganhou versões em espanhol (“De Cariño”) e VHS,
este último com participação de Marina de Oliveira e de um grupo vocal
de peso, com Cassiane, Fernanda Brum, Eyshila, Grupo Elas e muitos
outros grandes adoradores. O repertório mais parecia coletânea, de
tantos sucessos que trazia: “Ao Amigo Distante”, “Mestre”, “Como Eu
Poderia Esquecer”, entre vários outros. A primeira passagem pela MK
terminou em 1998, com o lançamento do CD “Presente de Deus”, que revelou
o hit “Nome Maravilhoso”.
No ano seguinte, Cristina Mel é contratada pela gravadora Line
Records, onde ficou durante dois anos. O começo não poderia ser melhor:
“Um Toque de Amor”, seu 10º álbum, tornou-se um dos mais vendidos da
carreira, graças a hits como “Santo És” e “Me Levantou Jesus”, além de
uma nova versão para o clássico “Meu Tributo”.
Em 1999, com o CD “Amiguinhos do Coração”, Cristina Mel realiza o
antigo sonho de gravar para as crianças. Era o início de seu ministério
infantil e de uma trabalhosa porém doce “rotina”, na qual passou a
gravar, quase sempre, dois discos por ano: em um semestre, para os
adultos, e no outro, para os pequeninos. É também com o trabalho
infantil que Cristina Mel adota definitivamente a abelha como símbolo e
passa a receber o carinhoso apelido de Abelhinha de Cristo.
A trajetória de Cristina Mel na Line Records vai até o ano 2000.
Nesse período, ainda são lançados, para o público adulto, “Tem Coisas
Que a Gente Não Esquece” (1999) e “Sempre Te Amei” (2000); e para as
crianças, “www.conto.com.você” (2000), que trouxe de brinde uma faixa
interativa, novidade para o mercado fonográfico da época.
Fonte: Site da Cristina Mel