Entrevistada: SUSAN SARADON

Nos seus (incríveis!) 61 anos, a nova-iorquina Susan Sarandon encarnou inúmeros papéis, seja na ficção, seja na vida real. Desde ex-modelo da Ford Models (ela tem 1,70 metro de altura e já figurou na seleta lista das 50 pessoas mais bonitas do mundo da semanal americana People) até uma freira que consolou um prisioneiro no corredor da morte, no longa Os Últimos Passos de Um Homem (interpretação que lhe valeu seu único Oscar, em 1996). Mas um de seus mais notórios personagens é de ativista social e política.

Ela, que é embaixadora da Boa Vontade da Unicef e recentemente tomou o partido dos roteiristas de TV em greve nos Estados Unidos, até chegou a ser presa por protestar - em 1999, em Nova York, ao participar de passeata contra o assassinato do imigrante africano Amadou Diallo, por quatro policiais. Com certeza, Susan herdou sua verve e coragem de se engajar em movimentos e gritar palavras de ordem de seu avô siciliano, Giuseppe Criscione, que imigrou para os Estados Unidos em 1916.

Apesar de suas posições marcantes e, às vezes, polêmicas, prestígio não lhe falta. E, às vezes, ele se traduz em manifestações bizarras de reconhecimento, como quando Susan foi convidada a carregar a bandeira olímpica durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Inverno de 2006, em Turim, Itália.

Atriz, mulher e mãe
Ser a esposa dedicada do ator e diretor Tim Robbins, 49, e mãe de Eva, 22 (filha com o diretor e roteirista Franco Amurri, 49), Jack, 18, e Miles, 15 (de sua união com Robbins), também são suas outras facetas reconhecidas. No ano que vem, aliás, Susan e Tim completam 20 anos juntos (eles não são casados no papel), uma história de amor e respeito que bem poderia ser base para um conto de fadas de Hollywood.

Má pela primeira vez
O engraçado é que em seu novo filme, Encantada (em cartaz a partir de sexta-feira, 14/12/2007), um conto de fadas moderno produzido sob o selo da Disney - com certeza o estúdio que melhor entende do assunto -, Susan interpreta pela primeira vez um papel essencialmente mau. Ela dá voz, num primeiro momento, e depois corpo, alma e várias expressões à rainha (e feiticeira) Narissa, a vilã da história. "Senti-me honrada por ter sido convidada a interpretar uma figura icônica da Disney. Nunca tinha feito nada parecido", comentou a atriz, em entrevista para divulgar o longa.

Próteses e rugas falsas
Sua Narissa é um revival da madrasta da Branca de Neve, que aparece ora deslumbrante, como rainha, ora medonha, como a bruxa de nariz grande, desdentada e cheia de verrugas. "Há cinco próteses faciais aplicadas em meu rosto de bruxa velha. E, antes de usá-las, tivemos de testá-las. Foi um processo árduo. Ainda, depois de aplicadas no meu rosto, a equipe de maquiagem usou pincel de ar com muitas cores diferentes para criar veias e marcas na pele. Além de uma técnica chamada "stipple" para criar rugas, que puxa bem a pele para aplicarem uma maquiagem especial. Fizeram isso em volta dos meus olhos, pescoço e no colo. Além de tudo isso, uso uma peruca e unhas postiças!"

Susan também conta um episódio divertido que aconteceu durante as filmagens envolvendo o filho Miles e o marido: "Um dia, levei meu nariz postiço para casa. Meu filho mais novo experimentou e achou engraçadíssimo. Tim não quis nem me ver caracterizada, nas fotos que também levei para casa. Ele disse, 'não, tira isso daqui'! Ele não queria ter aquela imagem de mim na cabeça", (risos).

A atriz conta que estudou bem as vilãs da Disney para encarnar Narissa. "Descobri que elas são sarcásticas, mas também legais à maneira delas. De vez em quando surtam e enlouquecem, mas são de modo geral frias e sádicas."

Outro ponto curioso do novo trabalho é o fato dela voltar ao papel de feiticeira 20 anos após As Bruxas de Eastwick (1987) e justamente no mesmo ano em que Michelle Pfeiffer, 49, sua colega naquele filme, também reencarna uma bruxa (igualmente má) em Stardust, O Segredo da Estrela - agora, do triunvirato original, só falta a volta de Cher, 61, em papel "bruxulesco".

Envelhecer bem
Como uma das características marcantes de sua personagem são as rugas (mesmo que falsas), Susan, que já enfrenta a menopausa, aproveita para falar desse seu período de amadurecimento como mulher. "Qualquer pessoa pode ter um bonito visual se tiver ajuda para isso. Como estar saudável e tentar continuar assim. Conforme a gente vai envelhecendo é mais difícil ficar bonita e se sentir bonita. Eu procuro comer bem e me cuidar. No fundo, tudo tem a ver com a paixão pela vida. Estar bonita tem a ver com ser curiosa, ter a mente aberta e estar envolvida na vida e no mundo e não ir se recolhendo conforme a idade vai chegando. O que torna uma pessoa sensual em qualquer idade é quando ela diz sim para a vida."

Notícia tirada do site: CONTIGO