Não sei bem por onde começar. Na verdade, nunca sei por onde começar.
Acho que é porque nenhum de nós se lembra de como começamos. É meio que
importa. É ali que está a essência, a aventura, o romance e o resto.
A moral a gente deixa pro final. Ela fica pra daqui a muitos anos.
Quando tivermos cabelos brancos e netos para contarmos histórias. O meio
é mesmo a melhor parte. É no meio do meio que você pega o embalo e
embola o futuro.
No meio é que você se pergunta, e é ali também que alguém vem e
responde as perguntas. Ou então você mesma responde, e acredite, não há
nada de errado nisso. É no meio que você descobre que a chuva nem sempre
significa tempestade, que beijo nem sempre é amor e que existem coisas
muito mais importantes que estar onde todos estão. No meio é que você
descobre que não se pode confiar em todo mundo, mas que ainda assim não
se pode perder a esperança no ser humano, não se desiste da gente nunca.
É no meio que você procura ferozmente o grande amor da sua vida. E
você acha. Acha alguns grandes amores da sua vida, ou melhor, do seu
meio. Alguém que viva pelos mesmos meios que você. É
ali, bem no meio, que você vai olhar pro espelho e se perguntar “o que
eles querem de mim?”, pra depois entender que a pergunta certa é “o que eu quero de mim?” e assim você caminha pro futuro. Mas por favor, não se perca no meio.
Viva o meio, o meio é bom! Ele tem gosto de
aventura. É onde todo mundo quer estar: No meio de um beijo, no meio dos
braços dele, no meio de uma cama enorme e quente, no meio dos seus
amigos. Meio é estar dividindo pra multiplicar.
Fomos o início, somo o meio e desejamos o depois. Então
talvez seja isso que eu esteja fazendo aqui, vivendo o meio de algo
grandioso, em busca das minhas respostas que vem de lugar nenhum e me
levam pra algum lugar. Estou aqui para viver o meu meio. E o fim desse
texto? Ah, o fim! O fim a gente deixa pra depois, o meio tá bem mais gostoso!