O Outro Pai: comédia original Netflix
Protagonizada, dirigida e escrita por mulheres, a comédia espanhola original Netflix O Outro Pai (A Pesar de Todo, no título original) está disponível para os assinantes da plataforma desde a última sexta-feira (3). Na trama, as irmãs Sara (Blanca Suárez), Lucía (Macarena García), Sofía (Amaia Salamanca) e Claudia (Belén Cuesta), que vivem distantes uma das outras há anos, se reencontram para o funeral da mãe Carmen (Marisa Paredes).
Em uma conversa com o advogado sobre como será feita a divisão da herança da falecida, as quatro mulheres descobrem que são filhas de pais biológicos diferentes e que a mãe quer que, como em uma gincana, cada uma descubra qual dos homens da lista deixada é seu respectivo pai. Só depois de resolvido o mistério elas poderão receber o dinheiro.
Assim, as personagens começam uma jornada de descobertas sobre o passado da mãe, ao mesmo tempo em que se autoconhecem melhor e aprofundam seus laços de irmandade. A direção de Gabriela Tagliavini não traz nada de muito original e cai no padrão Netflix de qualidade. O roteiro, também escrito pela diretora, é básico; um tanto ineficiente no drama, porém ágil e descontraído.
O filme dedica algum tempo ao desenvolvimento de cada uma das irmãs e acaba priorizando o restabelecimento de laços entre elas, em vez de tratar do relacionamento com “os novos pais”. Essa escolha é essencial para estruturar a identidade de “filme protagonizado por mulheres” proposta por Tagliavini, apesar de tornar quase irrelevante a existência do mistério sobre os pais.
O Outro Pai é o típico filme comercial realizado para agradar fãs de determinado gênero. Simples, funcional e sem grandes destaques narrativos e estéticos. O grande trunfo da produção é, com certeza, o elenco repleto de estrelas espanholas. Só o nome Blanca Suárez deve angariar uma porção de audiência ao lançamento; isso porque As Telefonistas, série da qual a atriz é protagonista, é um dos grandes sucessos originais da Netflix e conquistou uma base consistente de fãs.
O longa também parece seguir a tendência da plataforma de produzir obras sobre mulheres que possuem conflitos para além dos românticos- ainda que sigam sendo conflitos individuais, dificilmente coletivos. Indiscutivelmente, é bom ver uma empresa gigante como a Netflix apostando no trabalho de mulheres protagonistas, diretoras, roteiristas, produtoras, etc.
Por outro lado, também é perceptível que trata-se de uma tendência de mercado, e que a fórmula tem encontrado seu público e dado bastante certo com o algoritmo. Portanto, se a moda passar, o que acontecerá? E se não passar, a Netflix continuará produzindo quantitativamente em vez de qualitativamente?
O Outro Pai não é uma grande obra de arte, mas deve servir de bom passatempo a quem procura por comédias do tipo ou pelo trabalho das atrizes envolvidas – incluindo a veterana Rossy de Palma, cuja personagem é responsável por uma das revelações mais ricas do filme.
FONTE: http://francamentequerida.com.br/o-outro-pai-netflix-critica/