A chuva na janela
Refresca e molha o batente
Onde encharco as mãos e observo
Um espelho que vem de presente
A chuva bate à janela
E reporta há um tempo tão perto
De cheiro de vida, de gosto feliz
Do aroma que vinha de fora
Do abraço gostoso
Que vinha por dentro.
A chuva que bate à janela
Põe olhos molhados
E sonhos vidrados
Para além dessa tela.
Faz brilhos de estrelas
Que trazem teu riso
Que arranco indeciso
De dentro de mim.
E acabo por vê-la
De um jeito ofuscado
Do peito que chove calado
Escorrendo dos olhos
Um tempo de sol
Que segue nublado
Cá dentro de mim.
Sônia C. Prazeres