Saí p'ra ver a Poesia
Dessa cidade beleza
Em que o Sol peneira Luz,
Por entre véus de pureza
Em que Lisboa reluz!
Saí p'ra ver a Poesia
Dessas casas, que ao Sol-pôr
São o vivo coração
Desta Lisboa, qual flor,
Abrindo na minha mão!
Saí p'ra ver a Poesia
Das pequenas ruas estreitas...
No Inverno, o véu cinzento
Sobre o qual Lisboa deitas
Embala-a com doce vento...
Saí p'ra ver a Poesia
Das manhãs a despontar
Quando chega a Primavera,
E a Terra vai começar
Uma nova e fresca era!
Saí p'ra ver a Poesia
Deste calmo entardecer
Que abençoa a cidade;
E há um doce sofrer,
Um recordar que é Saudade!
Saí p'ra ver a Poesia
Que envolve a minha Lisboa
E andei como perdida,
Como Gaivota que voa
Pois voar, p'ra ela, é VIDA!
Saí p'ra ver a Poesia
E voltei, já era tarde...
O coração preenchi
Como fogueira que arde
Daquilo tudo que vi...
Saí p'ra ver a Poesia
Mas já só te vi a TI!
Pois Lisboa ou a Poesia
Tal como eu as conheci
São uma e a mesma harmonia!