Animal vertical, renascentista
no espírito e na forma de ser belo,
estatuária postura de rei.
No que temos de melhor, nosso igual.
Viria do Centauro o entendimento
e a semelhança? Viria de Pégaso
o galope do vôo sagitário?
Ou do pequeno e gentil hipocampo
a graça demover-se como um pássaro
aquático? Cavalos. Indomados,
em bando, vendaval inacessível
ao modo humano de querê-los, esse
amor de possessão que os faz saltar,
dançar, correr, puxar, encurralados
pela paixão de tê-los em arreios.
Diante da incerteza do destino,
de pé, num sonho de campina ou pista,
pêlos soltos ou penteados, belos:
belo, nosso igual, livre ou prisioneiro.
E eternamente animal vertical.