Vivi há pouco uma relação subterrânea,
Como que atirada de um abismo
que parecia sem fim, cheguei ao buraco
Escalei degraus do poço das lágrimas
cristalizadas que jorraram de mim
Fui machucada até o corpo da alma,
Não enxerguei o que meus olhos viam,
Não acreditei no que diziam,
Achei que todos, enfim, me mentiam.
Cega pelo capricho da ilusão, da fantasia,
Renunciei casa, filhos, casamento
E na aventura me atirei inteira
Como se ela fosse meu derradeiro momento.
Obedeci fielmente aos meus impulsos
de fêmea quente, com ele gemi
e gritei como se fosse um bicho
Mas depois sozinha e com o corpo frio
Me senti repelente como se fosse um lixo.
Não me arrependo em nenhum momento
De ter obedecido ao capricho da minha fantasia
Da transgressão infantil, apaixonada e rebelde,
Que tudo faria para não ter a alma tão vazia.
Segui a verdade que meu coração pedia
E que minha razão há tanto mentia, omitia
Vivi intensamente o meu lado
até então irracional, incoerente,
Fui menina, moleca,
me permiti de novo ser adolescente!
Fui verde pra amar
mas madura na hora de arrancar a fantasia,
Abortei o mimado e satisfeito capricho da minha vida
Que agora vestido de amarga cicatriz,
Me deixava desnudada a acridoce verdade:
A de ter de conviver para sempre,
com a catarse de uma doida e doída
Saudade...
ANGELICAGF