PASSATEMPO DO TEMPO


É tarde já, cheguei a pouco da rua trazido por passos lentos,
Cansado, o corpo reclama descanso e pede paz,
A cabeça cheia de ruídos estranhos e nem pensar é capaz,
Pensamentos que se misturam com o ruflar das asas do vento.

Deito no chão gelado sinto o frio das resistências vencidas,
Olhando o teto branco paro e penso em um mundo só nosso,
Nesse peito que bate por amor e que por ele eu me remoço
Em busca de sonhos perdidos pelos caminhos da vida.

Rasgo um papel que me pareceu inútil e sem valor,
Mas na verdade tudo é inútil e irremediavelmente vazio,
Os anjos cantam com a melodia da chuva um canto frio,
E cada pingo é um acorde disfarçado de água e de dor.

Eu ouço a chuva que faz do seu lamento uma linda canção
E penso em dormir pra sempre sem pressa de acordar,
De que vale tanto tempo se ele passa tão devagar,
Gritando como um louco na voz rouca do trovão.

Meu mundo se esvazia nessa madrugada alta,
Eu penso que sem você sou mesmo um pedaço de mim,
Um ser andante invisível sem começo, meio e sem fim,
Dizendo pra saudade o quanto sinto tua falta!!


Josué Basílio Oliveira