Vencida pela profunda angústia da minha mágoa,
despertei quando o jovem rosto da
manhã adornado de luz e o mar de nuvens viajeiras,
me convidaram para o banquete
do dia.
Levantei e percebi que não fora um pesadelo...
A presença da sua
ausência era a mais pura e triste realidade...
Não sei dizer ao certo se é a
presença da ausência
ou a ausência da presença ou, talvez seja, simplesmente,
saudade...
Lá fora tudo respirava perfume
e os braços do vento, carregando o
pólen da vida,
cantavam nos ramos do arvoredo delicada canção...
Saí a
correr, tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos.
A presença
invisível do bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade,
enquanto os pés
ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e
desconforto...
Embriagada pela saudade, meu ser ansiava pela paz...
Em vão
tentei exaurir as forças para livrar-me da dor,
mas não lograva libertar-me do
punhal da melancolia cravado no coração,
e da lembrança da sua
ausência...
Quando, enfim, a tarde se escondeu no longe das montanhas
altaneiras,
outra vez tombei em mim mesma, extenuada e só...
Parecia que não mais suportaria o
espinho da saudade cravado em meu peito,
já dorido e exausto...
A ausência da
sua presença queimava as fibras mais sutis da minha alma.
E a presença da sua
ausência feria-me o coração dilacerado e só...
A noite devorou o dia e, ao
escancarar a sua boca negra,
mostrou a primeira estrela engastada no manto
escuro, vencendo as sombras...