GUARDADOS DA ALMA
Lembro das noites que se foram
Dos incontáveis cálculos que fiz
Esperando as conjunções
O exato momento da felicidade
Lembro de todas as minhas letras
Ensaios das declarações
Que guardava em meus papéis
Amontoado de sentimentos
Lembro de tantos anseios
Mistura de júbilo e preocupação
Intuição confirmada
Olhos inchados, mãos desajustadas
Lembro das vezes tantas
Em que saía por aí, à tua procura
Alma cheia de crenças e tropeços
De onde reaprendi todos os movimentos
Lembro da respiração mútua
Cheiro doce e morno da felicidade
Que condensavam palavras em versos
Preparadas dentro do peito
Lembro de ontem, de hoje
De agora à pouco
Em que mais uma insistente vez
Tua ausência pesa como mortalha
Beatriz Prestes
DESORDENADA
Hoje estou sem palavras
Pois elas moram dentro da tua boca
Onde a minha enrosca
Quando tento falar de amor
E me perco na tua imagem
Boca, dentes, lingua ardente...
Hoje estou aqui só, e sem sono
Com meu corpo que gela por dentro
No momento em que lembra
Da tua mão forte
Corpo em ritmo quente
Ah, que falta me faz este sono
Que ficou amarrado em teus braços
Que me acolhem sem medo
E me devoram...
Hoje vigilante, fico com os sonhos
Os de olhos abertos
Procurando a lembrança perfeita
Aquela que vai reconstruir
Todos os meus planos de amor
Então, embarco nestes meus sonhos
E neles só tenho você
Inteiro aqui em meus lençóis
Despertando-me
Fazendo-me desistir de tudo
E prometer
Que o que quiseres de mim
Eu dou...
Beatriz Prestes