A noite pousa suavemente na minha solidão...
Apagando o tempo nos meus olhos perdidos...
Queimando as memórias...
os sonhos...
a ilusão...
Na cinza das palavras vagam momentos esquecidos...
Meus olhos tristes bebem o silêncio da noite...
Abandonei-me à noite...
calei as esperanças...
Perdi-me de mim...
naufraguei no amor...
Desfiz meus sonhos...
perdi-me em lembranças...
Caminhei sozinha...
entreguei-me à dor...
Sinto o frio da noite...
na mágoa do meu coração...
Desnudando a alma...
anoitecendo a vida...
Percorrendo meu corpo...
folha morta de paixão...
Neste amor envelhecido...
uma página esquecida...
Meu coração é mágoa...
minha alma escuridão...
No silêncio do meu poema...
palavra ferida...
Meu sonhos são noite...
escritos de solidão...
Nesta dor sem tempo...
passei pela vida...
Sou a noite...
flor de desalento...
Instante de escuridão...
abismo da minha mágoa...
Agoniza o tempo...
Apagando a saudade...
uma flor...
uma lágrima...
Nesta saudade que me veste...
perdida de mim...
Nos meus olhos tristes...
um sorriso amordaçado...
Uma fria recordação...
uma dor sem fim...
Perdurando no silêncio...
deste amor cansado...
Morreu em mim o desejo...
cansado de tanta mágoa...
Tantas madrugadas...
tantas noites...
tanto frio...
Tanta lembrança...
tanta ausência...
tanta mágoa...
Suspenso no tempo...
ficou meu corpo vazio...
Tudo em mim é noite imensa...
fria escuridão...
No anoitecer do tempo...
uma dança de agonia...
Amortalhando a minha alma...
ferindo meu coração...
Nas palavras que foram vida...
vive a melancolia...
No meu rosto envelhecido...
os sonhos morreram...
Viveram a luz...
aqueceram a noite...
foram madrugada...
Caminharam comigo...
no coração adormeceram...
Hoje...
vivem na noite...
esperando a alvorada...
Minha alma vive no limbo...
minha eterna solidão...
Abraça-me a noite...
envolve-me em seus braços...
No silêncio magoado...
perdi a ternura...
a ilusão...
Estão perdidos no tempo...
o ontem dos meus passos...
Vagando na madrugada...
meu amor anoitecido...
No silêncio do passado...
ficou a felicidade...
Suspenso na solidão...
meu coração ferido...
Esperando o amor...
vestida de saudade...
"Eu chorei porque eu sempre canso de tudo e tudo sempre cansa de mim.
Chorei de cansaço profundo de sempre cansar de tudo e tudo sempre cansar de mim.
Chorei de apego ao cheiro do novo e principalmente de melancolia pelo cheiro do velho.
E chorei porque tudo envelhece com novos cheiros e a vida nunca volta.
Eu chorei de pavor da rotina, de pavor do fim,
de pavor de sair da rotina e começar outros fins. "