Estou esquecida de quem sou...
não existo...
adormecida de mim...
fiquei esquecida entre as coisas perdidas...
sem memória...
numa profunda sensação de morte de vontade...
uma dolorosa recordação inútil...
desalento da consciência...
uma saudade infinita de mim...
de querer...
relembro quem não fui...
num cansaço de ter vivido...
o ontem...
o hoje...
o nada...
a eternidade...
uma sensação de dor na alma...
cela infinita da vida...
muro intransponível que me soterra...
angústia e desolação feita de ausências...
de sentimentos desfeitos.
Sou a folha caída duma ilusão...
triste tarde de Inverno...
na memória que me dói na escura noite...
interlúdio de vazio no meu coração exausto...
parado no tempo meu sentir...
estagnado num rio de memórias naufragadas...
refúgio de esquecimento...
numa melodia de silêncio dos meus sonhos...
sons esquecidos de palavras por dizer...
sentimentos que são a sombra do meu cansaço...
abismo negro e gelado onde adormeço...
nas carícias sem gesto...
nas rosas mortas do meu coração...
no gelo dos meus olhos...
na saudade de mim...
nas memórias vazias...
onde embalo a dor...
num soluço calado...
silencioso...
perdido na noite imensa...
onde tudo é frio...
até a lembrança.
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Sou escuridão...
sou tristeza...
Vida que não quer ser vivida...
Em nada encontro beleza...
Já sou morte...
não sou vida!
Sou um sonho...
um lamento...
esperanças...
Arrasto no meu pensamento...
A bruma das lembranças...
Procuro-me na imensidão...
da solidão...
Procuro-me nas minhas mãos frias...
Onde fiquei...
onde estou...
Em que recanto me perdi...
Onde foi que acabou...
A vida que não vivi...
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Os anos passam...
os dias lentos e frios...
o peso da vida que denuncia cansaço...
os enganos...
poemas guardados...
sonhos desfeitos...
dor de poeta...
solidão de mulher que perdeu a inocência...
alma inquieta...
sementes de amor...
pedaços de dor...
marcas de espinhos...
restos de vida...
Prisioneira e liberta...
querendo fugir das teias...
do frio que inunda as madrugadas...
da dor escondida no fundo do tempo...
na vida que se fez noite...
no corpo que dói...
desejo a arder...
numa ânsia de ser...
no desespero de querer...
na emoção de sentir.
Aprisionada entre o querer e o poder...
entre a vida e o abismo está o passado magoado...
o presente vazio...
o futuro ausente...
apagado nas sombras...
desvanecido na desilusão...
doendo no corpo e na alma...
escorregando entre os dedos dormentes da vida.
Aprisionados entre o tempo e a memória...
os sonhos que se vestiram de ausência...
silenciosos gritos ecoando na noite sem fim...
perdidos num espaço branco...
vazio...
como estas mãos que escrevem...
tão nuas...
tão despidas de carinho...
anoitecidas de ilusões...
vazias de promessas...
cheias de silêncios.
Aprisionado no meu corpo um soluço...
na madrugada um abraço ausente...
no meu rosto gestos sem idade...
no meu olhar...
este grito ecoando na madrugada...
chamando na noite a ternura.
Há no meu olhar a ausência...
o tempo...
o ser...
o estar...
o continuar...
o Outono com lembranças de Primavera...
quase nada...
um corpo numa rosa que secou...
no vazio de um abraço...
no desejo de um beijo...
nas palavras mudas gritando em silêncio...
num poema maldito onde repousam todos os demônios...
no meu corpo uma lágrima...
nos meus dedos um poema inacabado...
perdido no sonho...
entre o tempo e o desengano.
Sem adormecer encontro o silêncio de todas as ruas sem nome...
procuro-me e não procuro ninguém...
apenas um corpo amortalhado...
umas mãos cansadas...
cheias de nada...
vazias de tudo.
Caminho em silêncio...
entre as brumas...
nos caminhos vazios da saudade...
meu corpo vaga sem destino...
envolto na solidão de uma lágrima que me escorre da alma...
doce e tristemente chamando a vida que me escapa entre os dedos...
gritando o tempo que se esvai...
nascendo e morrendo tanta vez...
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Hoje...
queria rosas nas minhas mãos...
estrelas no meu olhar...
Palavras de amor no meu corpo...
leves como pétalas de veludo...
Hoje...
queria andar à deriva no teu desejo...
no teu (a)mar
Mas vem a noite...
veste-se de grito num abraço tão profundo...
Hoje não quero poemas...
quero tocar o céu...
no infinito voar...
Quero repousar ternamente...
entre as nuvens o meu cansaço...
Entre afagos meu amor...
seca os meus olhos cheios de mar...
Hoje...
meu amor...
quero que sejas o olhar onde me enlaço...
Hoje...
queria uma voz murmurando ao meu ouvido ternamente
palavras de amor...
escritas no olhar...
dedilhadas na minha pele...
Hoje não quero rimas nem poemas...
queria ser tua docemente...
Queria apenas envolver-te nos meus doces braços de mulher...
Hoje...
queria calar a poesia...
hoje queria apenas falar de amor...
Queria inventar-me...
inventar-te...
prender-te nas mãos vazias...
Hoje...
apenas hoje...
queria no silêncio esconder a minha dor...
Soltar as palavras que no meu corpo gritam nas noites frias...
Hoje...
queria morrer e renascer...
hoje queria ser rosa em botão...
Queria voar além de mim e do tempo...
queria ser o amanhecer...
Hoje queria gritar todos os silêncios...
escritos no meu coração...
Queria hoje meu amor...
num doce olhar...
em mim te prender...
Hoje...
apenas hoje...
queria sentir o calor da tua voz...
a ternura
O tempo dentro do teu olhar...
a tua mão presa na minha mão...
Hoje queria apenas...
o meu corpo ardente no teu...
doce loucura...
Queria hoje...
apenas hoje meu amor...
ser um instante de paixão...
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