Sinto saudade de tudo que marcou a minha vida...
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado...
eu sinto saudade...
Sinto saudade de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei.
Sinto saudade do meu primeiro amor,
do meu segundo, do terceiro, do penúltimo
e daqueles que ainda vou ter...
Sinto saudade do presente, que não aproveitei de todo,
lembrando do passado e apostando no futuro.
Sinto saudade do futuro, que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser.
Sinto saudade de quem me deixou e de quem eu deixei.
De quem disse que viria e nem apareceu;
de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudade dos que se foram e de quem não me despedi direito.
Daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre.
Sinto saudade de coisas que tive e de outras que não tive,
mas quis muito ter.
Sinto saudade de coisas que nem sei se existiram.
Sinto saudade de coisas sérias,
de coisas hilariantes, de casos, de experiências.
Sinto saudade dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudade das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...
Clarice Lispector
Ando com uma vontade imensa de sumir...
largar tudo...
meu destino - algum lugar bem longe,
onde eu possa ficar em silêncio, e esquecer...
Esquecer problemas do dia a dia,
esquecer pessoas que não estão nem "aí" pra mim,
mesmo eu dando uma importância enorme pra elas na minha vida...
Esquecer palavras que foram ditas, mas nunca esquecidas...
Eu sinto e vejo que algumas coisas mudaram,
algumas pessoas já não são mais as mesmas...
tenho me sentido perdida no meio da multidão,
perdida no mundo...
Ando tentando me encontrar em algum lugar...
Estou tentando me manter a mesma pessoa de sempre
mas direcionada a novos caminhos...
Mudanças, a vida tem pedido isso...
Tenho sobrevivido a muitas tempestades,
dias de imensa alegria,
dias de imensa tristeza,
e assim vou indo, sobrevivendo aos temporais...
Não sei o que o amanhã me reserva,
só sei que quero e preciso de um pouco de silêncio, só isso...
Tenho trabalhado tanto, mas sempre penso em você...
Mais de tardezinha que de manhã,
e com mais força quando a noite avança.
Não são pensamentos escuros, embora noturnos…
Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você
ou apenas aquilo que eu queria ver em você.
Eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia,
e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam
e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas,
mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver,
e desamar era não mais conseguir ver, entende?
Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro.
Quis tanto dar, tanto receber.
Quis precisar, sem exigências.
E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende?
Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha,
por limitação humana.
Mas o que tinha, era seu.
Mas se você tivesse ficado, teria sido diferente?
Melhor interromper o processo no meio:
quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente?
Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer,
lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia
qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê.
Melhor do que não sobrar nada,
e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.
Tinha terminado, então.
Porque a gente, alguma coisa dentro da gente,
sempre sabe exatamente quando termina.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas.
Uma lembrança boa de você,
uma vontade de cuidar melhor de mim,
de ser melhor para mim e para os outros.
De não morrer, de não sufocar,
de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará,
porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento.
Ser novo.
Mesmo que a gente se perca, não importa.
Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro.
Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis...
E eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim,
para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória,
seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura.
Caio Fernando Abreu
Eu tenho uma saudade que não cabe no meu peito,
um olhar meio desvaneio que me cega por inteira.
E não consegue ver por onde você passa,
com quem você está, o que restou do amor.
É uma saudade desconfigurada,
monitorada pelo desejo de tê-lo aqui comigo com todas as minhas forças e anseios. Mas que luta com a bateria fraca.
Evelyn Dias