Ele não sabe mais nada sobre mim.
Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu,
que meu cabelo cresceu,
que os meus olhos estão menos melancólicos,
mas que tenho estado quieta, calada,
concentrada numa vida prática
e sem aquela necessidade toda de ser amada.
Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas.
Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos.
Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele,
mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo,
se seu cabelo mudou,
se o seu olhar continua inquieto.
Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos
e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos.
Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa.
Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco.
Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos.
Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim.
Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade.
Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável.
Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre.
Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor,
ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura.
Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou
e ele não sabe sobre nada disso.
Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha.
Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia:
ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.
Marla de Queiroz
"Eu sei, eu sei, o eterno clichê “isso passa”.
Passa sim e, quando passar, algo muito mais triste vai acontecer:
eu não vou mais te amar.
É triste saber que um dia vou ver você passar
e não sentir cada milímetro do meu corpo arder e enjoar.
É triste saber que um dia vou ouvir sua voz
ou olhar seu rosto e o resto do mundo não vai desaparecer.
O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim.
Meu amor está cansado, surrado,
ele quer me deixar para renascer depois,
lindo e puro, em outro canto,
mas eu não quero outro canto,
eu quero insistir no nosso canto.
Eu me agarro à beiradinha do meu amor,
eu imploro pra que ele fique,
ainda que doa mais do que cabe em mim,
eu imploro pra que pelo menos esse amor que eu sinto por você não me deixe,
pelo menos ele, ainda que insuportável, não desista."
Tati Bernardi
"Te amei...
como nunca amei nessa vida e do final desse amor restou uma mulher tão fria
que nem por ti mesmo conseguiria sentir o amor que senti um dia."