"Eu percebi o quanto estou sozinha agora há pouco.
E me deu vontade de chorar.
Me deu vontade de chorar por saber que não sou ninguém sem alguém por perto pra segurar minha mão e enxugar minhas lágrimas.
Me deu vontade de chorar justamente por eu ser tão frágil sem ninguém por perto,
tão incompleta sem a presença de alguém que seja capaz de aceitar os meus defeitos.
Me deu vontade de chorar por eu sempre ter sido tão errada,
por meter os pés pelas mãos querendo chamar a atenção de qualquer pessoa,
por eu estar tão sozinha, tão vazia,
tão sem ninguém por perto pra me chamar de amiga, de amor, ou seja lá do que fosse.
Eu não me importo em ser clichê,
não tenho medo de amar ninguém a ponto de me perder em um olhar qualquer,
não ligo pra quem me acha estupidamente idiota, ridícula, e boba.
Mas me deu vontade de chorar por eu ser tudo isso mesmo,
me deu vontade de chorar pelas pessoas,
me deu vontade de chorar porque tem tempo já que eu não choro,
e eu estava sentindo meu coração muito mais pesado por isso.
Me deu vontade de chorar porque eu tenho mania de gostar das pessoas erradas,
e nenhuma delas me bastou,
nenhuma delas parou pra tentar ver além do que eu pareço ser,
nenhuma delas tentou me conhecer por inteiro.
E aí eu chorei - chorei porque não aguento mais ser esse fracasso todo.
Eu até aguentaria, e muito bem.
Se alguém estivesse do meu lado…"
Letícia Loureiro
Me impuseram tantos finais nesses anos de vida, que há quem diga que sou amargurada.
Claro que sou amargurada.
Eu tenho motivos para ser.
Quando consigo estatizar um sorriso nos lábios,
alguém faz questão de colocar as lágrimas de volta em meus olhos.
Minha vida tem sido um emaranhado de pontos finais que me deixa tão incompleta e inacabada.
Eu dava dois passos para frente e lá vinha aquele ponto preto perdido no meio da minha folha semi-virgem.
É claro que nunca terminava as minhas páginas,
eu queria escrever igual ao Shakespeare,
mas tudo mais parecia uma obra cubista mal acabada.
Talvez eu consiga pegar alguns desses pontos finais e transformar em reticências,
como vi certa vez.
E outra certa vez ouvi falar que reticências são a essência retida.
Então é isso... Reticências...
Lazaroni
Por quê ninguém pode gostar de mim?
Tudo bem, sei que dá um pouco de trabalho demais.
Mas é que me cansei de seguir os outros por caminhos que eu não deveria percorrer,
cansei de imaginar um futuro onde não existe nada além de vazios,
cansei de pensar que alguém poderia ser capaz de sentir alguma coisa por mim.
Alguma coisa além de amizade.
Por que diabos alguém me amaria,
se ainda não aprendi a sorrir com toda a sinceridade de uma alma,
por que motivos desconhecidos alguém me seguraria quando eu estivesse prestes a cair?
Não faria o menor sentido, eu sei.
Mas eu sempre tive esperanças.
Esperanças de que talvez as coisas pudessem ser diferentes,
de que talvez um dia alguém me olhasse de um jeito diferente,
pela primeira vez em tanto tempo querendo ficar.
Querendo deitar no meu colo e olhar as estrelas,
querendo dançar sem música e decorar os meus jeitos de rir.
Queria alguém que dissesse somente a verdade,
pelo simples motivo de não precisar mentir.
Alguém que me amasse.
Alguém que aceitasse a mania de roer as unhas,
de falar rápido e embolado demais.
Que entendesse a carência e o grude,
o ciúme maior do que tudo...
Alguém que cantasse Roberto Carlos e que tivesse medo do escuro junto comigo,
mas que não se recusasse a desligar as luzes e ficar só me olhando e sentindo.
Mas não tem.
Não vem.
Não existe.
Só existem amizades, enganos, falsas ilusões que não levam a nada.
Não existe o amor em mim, nas minhas coisas, perdido nos escritos.
Só existe a falta.
Tudo bem, eu sei que estou pedindo demais.
Mas é que viver sozinha é ruim demais, entende?
Deixa muitos vazios na alma.
Dói muito.
Viver sozinha é insuportável!
Eu só queria um amor sereno,
olhos onde eu pudesse me perder,
uma mão para segurar,
um corpo para abraçar.
Quem sabe até alguém como você!
Letícia Loureiro
Ainda penso assim: antes você me machucar do que eu te machucar.
Talvez seja por isso o meu constante cansaço – com as pessoas, promessas e o mundo.
Camila Costa