“Eu preciso muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor.
Tenho sentido necessidades do novo, não importa o quê, mais que seja novo, nem que sejam os problemas.
Preciso deixar a casa vazia para receber a nova mobília.
Fazer a faxina da mente, da alma, do corpo e do coração.
Demolir as ruínas e construir qualquer coisa nova, quem sabe um castelo.”
Caio Fernando Abreu
"Tem como cansar do nada? Do vazio? Do oco? Do coração sem sentimentos?
Do não-amor, do não-querer, do não-sentir; tem como cansar?
Pois estou cansada, cansada da mesmice que virou minha vida, de sempre ver a mesma pessoa de frente ao espelho,
de morar na mesma casa, de ver a mesma vizinha fofocando sobre o que acontece na vida dos outros...
Estou cansada... de ser cobrada para ser magra, para ser bonita, para estudar, para trabalhar...
Estou cansada, principalmente, de minhas palavras serem ignoradas e minhas atitudes serem super julgadas...
Estou cansada de me dizerem o que vestir, o que sentir, quem amar, quem odiar...
Estou cansada de me obrigarem a ter uma religião, uma orientação sexual, um time de futebol...
Estou cansada de ter que ter opinião formada sobre tudo, de ter que entender de futebol, politica, economia,
senão sou tachada de burra...
Estou cansada de ter que ser social, educada e engolir sapos.
Estou cansada de acharem que me entendem, de não me entenderem da forma correta, de me julgarem por tudo,
estou cansada... cansada..."
"Eu quero engolir rejeições, chorar alegrias, rir tristezas, despir a alma, gritar amores,
sussurrar ofensas nem sempre controláveis, entender os porquês,
dançar inimigos, abraçar amigos, beijar incertezas e acariciar a aprendizagem.
Quero não me importar, quero largueza de fé e pessoas que confiam em mim.
Eu quero confiar nas pessoas, quero mais dias de Sol com noites de chuva.
Quero nunca me cansar.
Quero me cansar e ter direito a um mês em uma Ilha Paradisíaca cheia de paisagem bonita, cheia de um azul sem fim.
Quero a contradição.
Quero o bonito e o azul em mim.
Que os dias nunca pareçam longos, que a graça nunca pareça pouca.
Quero luz dentro e fora de mim, quero paz por todos os lados.
Quero trevo de quatro folhas para engolir a sorte azeda.
Quero conseguir ser única e leve em um mundo de pessoas tão iguais, tão alienadas, tão cheias de si.
Quero respostas na ponta do lápis.
Quero me empolgar, me estressar, me amar assim como sou, empolgada e estressada na mesma quantidade.
Quero tomar um banho de amor e compaixão para que todos os sentimentos ruins desçam pelo ralo.
Quero compartilhar pensamentos sem medo do que possam pensar, quero o poder de provar como as coisas são,
como elas foram e como serão.
Quero picar a minha dor e colocá-la em uma caixa que não tem como ser aberta novamente.
Quero picar a minha alegria e dividir com aqueles que amo.
Quero alegria sem fim e tristeza com fim.
Conversas sem hora para terminar, beijos sem ter o que pensar, abraços onde eu possa morar.
Quero um jarro transparente cheio de gérberas laranja no canto do meu quarto.
Quero conversar sem me importar.
Quero ser sincera.
Quero que não se ofendam com a minha sinceridade (que acreditem nela também).
Quero banhos de chuva e luau com amigos, quero um par de meias coloridas e um amor para aquecer.
Quero levar tombo e rir da vida porque nem ela sabe quanta gente tenho para me ajudar a levantar.
Quero amigos sinceros, dias claros e noites estreladas.
Quero pintar o céu com lápis de cor em dias cinzas,
quero descansar nas nuvens enquanto converso com heróis que foram cedo demais.
Quero algodão-doce e vida doce,
quero o doce entrando em minhas veias até me dar náusea e só me restar colocar para fora essa poesia toda,
entalada em algum lugar de mim.
E isso, eu não quero para 2012 não, eu quero para a vida!"
Noemyr Gonçalves