AUSÊNCIA DE VOCÊ
Essa saudade calada, silenciosa, muda
que apenas ouve o som das
gotas de chuva que caem do telhado,
e que parece querer me devorar
e despedaçar cada pedaço vivo
que ainda existe no meu coração.
Essa saudade terrível, de uma força
de descomunal proporção,
que chega no peito e parece
não querer jamais ir embora...
Que faço eu?
Como devo agir para que essa
tortura se finde então?
Esperar.
Apenas esperar que o tempo voe
e que no peito o sofrimento não magoe
tanto como tem me magoado!
A ausência de você é como
sentir a ausência do ar pra eu respirar.
A ausência me tem machucado...
Uma dor inexplicável, em que nada
no meu dia se alegra.
Tudo é triste, cinza e solitário
se torna o tempo que só faz
dilacerar cada parte do meu corpo
que espera ansioso sua volta.
Lágrima sofrida.
Vida triste e morta.
Sem você, tudo fica assim,
como uma névoa cinzenta diante
dos meus olhos que lamentam
a ausência de você!
Não é mais possível suportar
essa dor aguda,
essa saudade silenciosa,
calada e muda, que tenho que
disfarçar e conter pra não
enlouquecer totalmente
pela falta que você me faz!
Volta pra mim!
Preciso respirar!
Preciso viver!
Preciso de paz!
Marco Motta
N Á U F R A G O
Como um náufrago, perdido entre
as paredes invisíveis da quietude do mar,
aqui estou, penando as duras e terríveis
mazelas da minha insignificância.
Quem sou eu, afinal, que grito no vazio
do infinito e nem meu próprio eco escuto?
A imensidão do mar
é minha única companhia.
Quem sou, afinal, que corro pra lá
e pra cá em busca do nada?
O nada hoje é minha vida!
Busco em sortilégios algo que
faça reencontrar-me.
Mas, na vastidão dos espaços,
não encontro o meu, ao menos um,
onde possa recostar o corpo
cansado da luta travada em mim.
Em meio a sofismas próprios,
caminho em direção ao meu eu,
que, inerte, não encontra respostas!
Naufrágio.
Perdido na minha ilha
de dor, saudade e solidão.
Onde estou?
Quem sou?
Estou só, perdido e vazio.
Sem direção!
Sem rumo!
Marco Motta