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Ficou um pouco de você nesse lugar...
Uma simples lembrança
do seu meigo jeito de olhar.
Ficou o leve deslizar das tuas mãos...
no meu corpo inteiro.
Ficaram palavras não ditas
dentro de minha cabeça...
Ficaram momentos de amor,
que fazem com que eu não te esqueça...
Ficou um leve toque em mim
da tua delicadeza...
Ficaram tantas coisas enrustidas,
inclusive a minha incerteza...
Ficaram tantas lembranças bonitas,
todas que sinto por você...
Ficou o seu perfume na minha roupa,
que eu sinto sem querer...
Ficaram horas de agonia,
que você nunca vai saber...
Ficaram poemas, músicas, lindas noites de verão...
Ficou um sentimento imaturo
dentro do meu coração...
Ficou o seu jeito de falar,
as tuas mãos, o teu carinho...
Ficaram tantos dissabores
nesse meu curto caminho.
Ficou uma vida para trás
os dias, os anos, o amor...
Ficaram tantas palavras tuas,
o teu abraço, o teu calor...
Ficou esse momento de revolta...
Ficou a melancolia...
Ficaram ilusões aqui...
Seus sonhos...
Sua alegria...
Ficou o teu retrato guardado
dentro da minha mente...
Ficaram as tuas artimanhas,
o teu modo contente...
Ficou o nosso mar, a nossa noite, a nossa emoção...
Ficaram pedaços vivos de você...
na minha solidão...
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Mais uma vez estou só.
Seria sina de algum condenado
Que não merece o amor?
O que tenho eu de errado?
Por que meu coração a vagar
Sem medo, sem pudor e temor,
Não encontra o repouso desejado
Nas mansas águas da ternura?
O que o impele para o mar
Sem velas e navios, às agruras,
Feito criança entregue a sorte
Pronta para a vida e a morte?
Naufragando toda vez...
Resgatada da insensatez...
Na ilha da solidão,
Com as feridas
Que sangram doídas,
Dilacerando o coração...
É tudo o que me resta,
Nem choro nem festa,
Só o vazio que me devora,
E que me diz que não vai embora!
Minha alma emudeceu,
Meu corpo amorteceu,
Na garganta um nó.
Outra vez,
Mais uma vez,
Estou só.
Lídia Sirena Vandresen