Se ao menos esta dor se ouvisse
se ela batesse nas paredes
abrisse portas… falasse…
se ela cantasse e despenteasse os cabelos.
Se ao menos esta dor se visse
se ela saltasse fora da garganta (como um grito!)
caísse da janela fizesse barulho… morresse…
Se a dor fosse um pedaço de pão duro
que a gente pudesse engolir com força
depois cuspir a saliva fora
sujar a rua, o espaço… o outro…
esse outro escuro que passa indiferente,
e que não sofre tem o direito de não sofrer.
Se a dor fosse só a carne do dedo
que se esfrega na parede de pedra
para doer fisicamente.
Doer penalizante, doer com lágrimas
se ao menos esta dor sangrasse!
Talvez depois ela desaparecesse!