AUTOMECÂNICO
Sou, como os outros,
presa do tempo.
Reparo planos,
apreso tentos,
entro no jogo
com muito medo...
Ás vezes ganho
e às vezes perco.
Medito os ditos
que me benditem.
Omito os mitos
que me demitem.
Cometo as metas
que me prometam
lidar no eito
das causas certas.
Quando eu enguiço
me recomponho.
Num desacanho
recordo um riso
e, se for preciso,
eu me atamanho!
Restauro sonhos,
eu vivo disto!
Eu sei que presto.
Venho de longe.
Me restam restos
do que fui ontem.
Mas não me esqueço,
eu me reparo!
Sou quem me apreço
e me vendo caro!
Altair de Oliveira –
In: “A Grande Coisa”.