Chegaste
Dormia, ou talvez apenas levitasse apenas...
Sim, dormia Naquele sono em que o Mundo
entra inteiro dentro da janela da nossa Alma.
Chegaste, em passos curtos, cautelosos
Desdobrados nas pregas de um tempo
que nos deixa eternamente ausentes.
Trazias as mãos abertas aos sonhos;
Trazias um olhar vagabundo
de quem deseja abraçar o Mundo.
Trazias um jeito manso de me olhar,
de me enovelar no remanso do teu próprio olhar.
E uma promessa de uma viagem infinita,
de um quebrar de todas as muralhas ou fortalezas,
de um trepar de todas as escarpas, de todas as encostas.
Eras a luz de todos os vidros reflectidos,
Os vidros verdes da tua terra.
O verde ondulante de todas as serras.
Esmeraldas perdidas do meu olhar. No teu!
E do céu ...
Imenso, o azul adivinhado do teu Mar ... e o Sol!
Eras o somatório de todos os meus caminhos antigos.
Eras ânfora na procura de um porto de abrigo.
Era o som de mil violinos, eras harpa,
Eras guitarra e saxofone ... todos os sons em uníssono.
Juntos... a vibrar!
Deus ...
Chegaste, sem anúncio recado ou missiva,
Num ritual conhecido, trazido de outra Vida
Chegaste a mim, assim,
em códigos de mil letras, secretas!
Pressenti-te e, sem reservas, me te ofereci!
Amor, vem ... sim, estou aqui!
Eras uma promessa de novas rotas,
de vagas revoltas ... abertas!
Chegaste, envolto em notas soltas e em brisa de mar.
Chegaste, nesta certeza de ambos sermos uma só pedra,
Uma só matéria...
Lava de um vulcão pronto a entrar em erupção!
Duas almas em espera de se reencontrarem!
Esta noite, Amor, ancoraste em mim!
Estás aqui, continuas a abraçar-me.
Fica! Este é o teu lugar...……