Depois de muito mistério, finalmente será revelado em "Amor à vida" de qual tipo de câncer Nicole (Marina Ruy Barbosa) sofre. Trata-se da Doença de Hodgkin, linfoma que acomete, principalmente, adultos jovens (entre 15 e 40 anos). E embora a personagem só o tenha descoberto em estágio terminal, o problema costuma responder bem aos tratamentos se detectado com antecedência, dando chance de cura à maioria dos pacientes.
Na trama, foram manchas avermelhadas no pescoço de Nicole que acenderam o sinal vermelho para a Doença de Hodgkin. Já na vida real, esse não é um sintoma característico do problema. Segundo o oncologista Bruno Fuser, coordenador do serviço de quimioterapia da Clínica São Carlos, o principal indício desse tipo de linfoma é o aumento dos gânglios — formação de ínguas — sem razão aparente.
— Quando o crescimento não está relacionado a infecções ou inflamações e o gânglio, mesmo indolor, ultrapassa um centímetro de diâmetro, é preciso procurar o médico — diz Bruno Fuser.
Por isso, o autoexame do corpo é a melhor forma de identificar a Doença de Hodgkin no início. Além de aumentados, os gânglios costumam ficar endurecidos e com textura diferente. Virilha, axilas, pescoço e acima da clavícula são as regiões onde mais aparecem ínguas.
Quanto antes o tratamento começar, maior é a chance de cura, explica Fuser:
— Com a atividade tumoral menor, fica mais fácil para a quimioterapia agir e combater as células doentes.
De acordo com a oncologista Regina Vidal, da Oncoclínica, os medicamentos usados na quimioterapia fazem um rastreamento das células doentes, impedindo que elas se multipliquem.
Ainda segundo Vidal, não há uma causa estabelecida para esse tipo de câncer. Pesquisas mostram que histórico familiar, quadros de mononucleose, doença autoimune (como lúpus) e imunodeficiência adquirida (como Aids) seriam fatores que aumentam os riscos.
Queda dos fios é inevitável no tratamento
Na trama das nove, Nicole já enfrenta o drama da queda de cabelos devido ao tratamento. A quimioterapia para combater a Doença de Hodgkin afeta diretamente o nascimento dos fios.
— Nem todo quimioterápico faz o cabelo cair, mas os usados no tratamento deste tipo de câncer, sim — afirma a oncologista Regina Vidal. — Existem medicamentos cuja taxa de queda de cabelo é zero. Já para outros, a taxa varia de 80% a 100%.
Outros efeitos colaterais são enjoos, vômitos, febre, cansaço e diarreia.
A Doença de Hodgkin é considerada bastante quimiossensível, por responder bem aos tratamentos, e apresenta altos índices de cura, segundo os especialistas.