Naquele Lugar
Que sobrevive do início ao fim,
no intransponível que mora em mim...
Onde tudo posso encontrar,
onde todo sentimento consigo guardar.
Naquele lugar...
Que achei minha identidade
que perdi o orgulho, a vaidade
que deixei me enterrar.
Ali naquele espaço irreal
tão frágil, tão virtual...
Desequilibrada e desigual
tão artista, tão normal.
Naquele lugar...
Que dentro de mim vive assim...
Cada instante
tão pequeno, tão gigante.
Travestido, iludido
em conflito por tudo que eu não digo.
Naquele lugar...
Que sempre insisto em voltar,
porque apenas lá posso te achar...
Somente lá...posso te amar,
nada é preciso disfarçar...
Ali, minha auto - estima é só minha.
posso ignorá-la...
Consigo num passe de mágica deleitá-la.
E não sou observada, não sou julgada...
Nada tenho a esconder,
a cada lágrima que quer escorrer,
a cada dor que me consome,
eu posso gritar o seu nome...
Ainda bem que Deus foi tão além...
E apesar das palavras,
das emoções nem sempre
no rosto estampadas,
das ações tantas vezes analisadas,
das partidas e das chegadas...
Criou dentro de nós
a nossa verdadeira voz,
que desprovida de barreiras
que tantas vezes ferida pode ser verdadeira,
aniquilada nos seus sonhos
pode gritar...
Ainda que ninguém possa escutar,
ainda bem que abrigada
do lado esquerdo do peito,
nossa voz tem o direito
de sempre falar...
o que muitas vezes é preciso calar...
(Silvana Duboc)