Sou a lágrima seca no pescoço
passarinho novo no ninho
girassol em rotação contrária
o grito abafado
a palavra cortada pela metade
a carta que não foi enviada
a vingança no sangue da faca
Sou a quietude do canto da sala
a nostalgia do exilado
o alvoroço dos carros na rua
a alegria das crianças
o coração da noiva no momento do
“fale agora ou cale-se para sempre”
Sou o sol na fenda da porta
a flor no asfalto
o alvorecer
o infinito
o amor.
(Kelly Carvalho)