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Do alto da colina ao longe, imponente se avistava
o casarão branco com seus vinte janelões azuis:
Fazenda São José, a menina-dos-olhos de meu avô!
O sino acorda o silêncio, despertando lembranças.
Hoje é domingo, dia de missa, de encontrar os primos.
Dia de festa, algodão-doce, pipoca e amendoim.
Velhas recordações ressurgem em ondas mansas
ao som do piano, minha Mãe, dedilhando nostalgia.
Bananeiras derramando doirados cachos de sol.
Quaresmeiras floridas e o ipê amarelo, xodó de
Mamãe, dizendo: - não pise na grama, desça daí,
não saia na chuva, vá estudar, olha o vagalume!
O retinir do balde ao tirar-o-leite no curral,
amores de sabiás nos pessegueiros em flor,
casinhas de joão-de-barro a me encantar,
as rosas aos beijos no sol, a perfumar a vida.
No velho engenho, cheirinho de cana, a roda
d"água em cadenciado gemido, responde ao boi
pastando ao longe, o córrego a passar, enfeitando
a paisagem de todos os verdes da mãe natureza!
Na rosa vermelha, tardinha se faz!
A pipa cortando o céu, reflete nas nuvens
em bolinhas de sabão a voar, o olhar de menina,
elegante aeromoça, viajando pelo mundo afora.
No capim orvalhado a aranha tece renda delicada
sorrindo para mim, e eu a procurar minha bola
entre as aboboreiras que ninguém plantou
e que derramavam flores. Meu Mundo encantado!
Saudade ... velha amiga, finjo que não a conheço!
Desconheço!! Olho para as nuvens no céu azul:
- Cadê meu castelo, Rainha que sou??
E ela vem de mansinho, a lágrima rola... saudade!!
®Verluci Almeida
26/01/2006
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