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Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
ALVARO DE CAMPOS
P.S.
ALVARO DE CAMPOS
é um heterônimo de Fernando Pessoa.
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HETERÔNIMOS
“Heterônimo” não é só um outro nome. Diz-se da obra que se publica
sob o nome real ou suposto de outra pessoa. Contudo, não é só isto.
Porque não se restringe tão-só a outro nome, mas, atrás deste outro
nome existe latente uma outra personalidade de seu criador. Noutras
palavras, o heterônimo é um personagem com personalidade, vivência
e história, criado por um artista, e com nome próprio para assinar as
obras, que embora sejam também feitas por ele, encontram sua
adequação em estilo, forma estética e argumento diante das
características desta outra pessoa, seu heterônimo.
Ninguém criou mais heterônimos que Fernando Pessoa , ou seja,
criou personalidades diversas e distintas da própria, para que
pudesse com isto, dar vazão a sua obra. Seus heterônimos mais
conhecidos são: Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.
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