Mulher
Adriana Cristina Rampin - Aisha
Sou a sombra dos sonhos que sonhei,
vejo-me em nuvem desenhada, borrões do amor que amei.
Torno-me cálida nas vozes da vida
que me geram em acordes de harmoniosas melodias.
Faço-me contrita se assim o desejar.
Sou as ondas do mar que revoltas em si mesmas
entregam-se em congruência à aridez da areia,
e retorno ao mais profundo de mim dominando meus espaços
nas marés do tempo que meu tempo permeia.
Ausente em meus átrios, sou apenas passado,
sou o sonho do amanhã em escombros soterrados.
Sou a brisa da manhã que antecede o sol na ação da criação,
toco sua face mesmo que de mim se afaste escondendo-se nas asas dos ventos e tempestades.
Enfrento nas madrugadas os ardores do novo amanhecer
para levar-lhe esplendido a florescer.
Sou a mulher menina desenhada em sombras de prazer.
Criada pela brisa, acalentada pelo mar,
sustento a sua vida no sol ressurrecto que a madrugada nos traz.
Na gestação da vida, o encontro do amor pelo amor a nos manter.
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