Olho no olho
Dos meus medos faço canção
embalando meus sonhos em desatino.
Desvairada num anseio turbulento
de quem se despede da razão.
Envolta persisto e desisto
insegura me entrego aos desvios
do vazio que minh" alma teme
meus dias são passados distantes
Versos sem rimas que se apagam
Folhas secas caindo a fremir
Atroz aparente disfarçada audaz
arsenal revestida conclamo concisa
Mar a ser atravessado
sem barco nem remo
Necessidade de transpor
lanço-me neste fluxo
Incerteza é direção
niilismo insistente
desordenada renego
este meu perecimento
Canção que me decompõe
harmonia espacejada sem ritmo
procriada dos meus medos
transformados mau grado e solidão.
Olho no olho
encaro meu ego sem receio
sou de mim mesma esteio
Dos meus medos, faço canção.
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