Meu espelho
Elisabete Dutra
Olho,
Olho-me fixamente ao espelho
Olho e comovo-me,
comovo-me como a água corre
quando o chão é inclinado.
Olho e não me reconheço!
Não fosse o chão tão inclinado,
afogar-me-ía num poço de lágrimas infinitas...
Intrigada,
continuo simplesmente a olhar...
Que sombra estranha aquela
com que me deparo!
E angustiada,
tento reconheçer a
figura que encaro.
Mas certamente,
já não sou quem eu era...
Nada e tudo mudou!
A não ser quem eu sou...
Afinal, o espelho
é um amigo silêncioso que nunca mente!
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