“Novas Criaturas”
Amor é a lei
No caminho para a Páscoa, temos a cena da adúltera. É uma continuação das tantas rejeições que Jesus sofre por parte dos fariseus e dos mestres da lei (estes seriam os catequistas do povo, os professores da religião judaica). Querem colocar Jesus em um dilema: Se Ele disser que a mulher não deve ser condenada, está contra a lei. Se disser que deve ser condenada não é tão bom com diz. A adúltera deveria ser lapidada, isto é, morta a pedradas. Ela não escaparia, pois já estava condenada por eles. Disseram a Jesus que a lei condenava, e Ele, o que dizia? Jesus começa a escrever no chão. O que Jesus escrevia? Penso que estava mostrando que não entrava na questão. Eles insistem para saber sua opinião.
Diz: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe pedra”, E voltou a escrever no chão (Jo 8,7-8). Os acusadores saíram um a um, a começar dos mais velhos. “A começar dos mais velhos” não se trata em primeiro lugar de dizer que os mais velhos são os mais pecadores. Podemos entender que a atitude de Jesus é nova para quem quer um Deus que condena. Os contrários à novidade do Reino se retiram. Jesus é o mais novo que dá a sentença final: “Ninguém te condenou?” A mulher responde: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus: “Eu também não te condeno; podes ir e de agora em diante não peques mais” (id. 10-11). Jesus condena o pecado e não as pessoas. Sempre há uma nova oportunidade. A Páscoa da Ressurreição proclama o perdão misericordioso de Deus. Perdoa, mas não aceita a dureza de coração
Leis do amor
O profeta Isaias ensina a não ficarmos presos ao passado. Deus fez maravilhas ao povo. Boas novas serão realizadas: “Eis que faço coisas novas. Rezamos no salmo: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria” (Sl 125). A Páscoa de Jesus, depois de todo o sofrimento, é um momento novo. Não é só uma celebração, mas acontece nos fatos da vida onde age Jesus. Assim foi o caso da pecadora. Nesse momento da Quaresma, o perdão dado à infiel, corresponde ao perdão dado ao povo infiel. Os que a condenavam se diziam justos perante a lei.
Jesus não negou a lei, mas trouxe um novo modo de interpretá-la. Temos uma comparação que ensina que as leis do amor são escritas em pedras, as leis do pecado são escritas na poeira que o vento apaga. O amor só será compreendido quando acolhermos Jesus e seus ensinamentos. A conversão pode parecer dura, mas rezamos no salmo: “Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria” (Id). Na pastoral o amor não é somente passar a mão na cabeça, mas dar a mão para que vivam. O amor sempre salva.
Pecado envelhecido
Viver a Quaresma e superar o pecado envelhecido é, como rezamos na oração da missa, “caminhar com alegria na mesma caridade que levou Jesus a entregar-Se à morte no seu amor pelo mundo”. A experiência mostra que um pecado cultivado por muito tempo tem raízes profundas que são difíceis de tirar e, quando tiradas, doem muito. Deixar o pecado envelhecido é uma batalha difícil. Precisa crer no amor de Deus e amar a si mesmo como filho de Deus ressuscitado. Por isso viver bem a Quaresma ouvindo a Palavra e fazendo o que ela nos sugere, temos a possibilidade de receber as palavras de Jesus: “Eu também não te condeno. Podes ir e de agora em diante não peques mais” (Jo 10,11). Rezamos no salmo: “Mudai a nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto” (Sl 125).
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