O Deus presente que muda qualquer situação”
Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“A libertação está próxima”
E verão o Filho do Homem
Iniciando o novo Ano Litúrgico temos a grande proclamação do sentido de todas as celebrações: a realização do desígnio de Deus que é a vinda do Filho que recapitula em si todas as coisas. Os sinais estão sempre presentes para nos alertar à vigilância (Mc 21,25-27). O importante não são os sinais, e sim, que estamos sempre prontos. Por isso se diz “erguei a cabeça”, gesto característico do justo. A Palavra de Deus dos domingos do Advento nos apresenta João Batista. Este grande profeta preparou a chegada imediata do Cristo no mundo. É estímulo agora para a preparação de sua vinda definitiva. Nesse primeiro domingo estamos ainda voltados para os acontecimentos últimos da humanidade. Pensando no futuro, contemplamos o momento presente. Os cristãos, tendo visto a destruição de Jerusalém e sua vinda tardar, perderam o entusiasmo para sua vinda como Juiz. Por isso o evangelista Lucas insiste sobre os riscos que podem correr ao perder a dimensão da Vinda de Cristo. Mesmo que haja tantos sinais de perigos, o profeta Jeremias (Jr 33,14) anuncia bens futuros para a Casa de Israel e a Casa de Judá. O Senhor é bom, pois “é piedade e retidão e reconduz ao bom caminho os pecadores. Ele dirige os humildes na justiça, e aos pobres ensina seu caminho” (Sl 24, 8-9). Vemos os sinais pavorosos que acontecem no céu, na terra e no mar. Por outro lado, as ameaças são para mostrar o poder de Deus que é um poder de libertação. O Advento é o tempo da esperança da realização das promessas de Deus. Uma delas já aconteceu: o nascimento que celebraremos no Natal. Este foi como o orvalho. O outro será na glória. Esperar dias melhores é construir uma esperança que se aprofunda na caridade e na fé.
Corações insensíveis
A espera do fim que era forte na comunidade, perdeu a força com a vida dissoluta. Paulo recomenda aos tessalonicenses que “o amor entre vós e para os outros aumente e transborde sempre mais. Que Ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” (1Ts 3,12-13). Lucas é claro ao citar os problemas existentes: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e da preocupação da vida para ficardes em pé diante do Filho do Homem ” (Lc 21,34.36). O coração insensível se fecha à ação de Deus. É a incapacidade de saber se orientar e se deixar penetrar pela graça de Deus que nos renova e nos faz despertos à vinda de Cristo. E convida a orar para ter força para escapar ao que vai acontecer (36).
Acorrer com as boas obras
O bem estar não é certeza das bênçãos de Deus, enquanto não for uma bênção para os irmãos. Jesus insiste que devemos deixar tudo para que tudo seja vida para os outros. Assim podemos correr ao encontro do Senhor que vem. Não basta a fé para a salvação, como nos diz Tiago, pois a fé sem obras é morta em si mesma (Tg 2,17). Afinal, o julgamento final será sobre as obras (Mt 25,31). Estas obras da caridade envolvem todos os setores que sempre estiveram presentes na sociedade: fome, sede, migração, doença, prisão, vestido. A participação na Eucaristia “nos ajuda a buscar o que é do Céu, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam” (Pós-comunhão). Aos sinais terrificantes, apresentamos “o amor de Cristo que supera todo conhecimento” (Ef 3,19).
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