O Deus presente que muda qualquer situação”
NUNCA A SÓS
Não te creias em abandono, por mais rude te pareça a solidão e
por mais doridas as provas que hoje te dilaceram...
Ninguém que espunja em regime de esquecimento.
Na tua soledade, onde as noites te parecem mais cruas e
as provações mais exigentes, alguém participa da tua angústia
acompanhando as penas que te convidam a reflexões profundas e diferentes.
Gostarias de privar, novamente, das primaveras abençoadas e ridentes
em que os júbilos se te agasalhassem no coração, falando-te de
sorrisos e de novas ilusões, já que supões encontrar nas
quimeras o presente ditoso da vida.
Acompanhas com a alma em mágoa o sorriso que transita pelos
lábios do mundo e sentes no imo o travo de inquietude e desesperação.
Desejarias, como eles, volver ao tumulto das horas vazias...
Percebes que te falam de alegrias que já não podes fruir.
Tens a impressão de que a liberdade que experimentam
constitui o verdadeiro licor da vida.
No entanto, pára, medita, modifica o conceito.
Eles não são ditosos quanto gostariam.
Na Terra todos nos encontramos em regime de recuperação,
em ministério reeducativo.
Nosso Planeta não é, por enquanto, o decantado Éden,
tampouco o refúgio exclusivo da amargura.
Dor é prova. Sofrimento é desafio. Solidão é bênção.
Os que ora se encontram com aparência de felicidade volverão...
Os que transitam em dor se recuperam e retornarão...
Todos marchamos para a liberdade. Não te detenhas na lamentação.
Não os invejes, a esses equivocados sorridentes, àqueles ansiosos
que ignoram o amor em profundidade ou aos que vagueiam na busca do nada.
São crianças espirituais. Ama, confia desde hoje e espera mais.
Quem O visse em extremo abandono, dilacerado, esquecido, os braços
rasgados em duas traves toscas, o coração lancetado, o olhar baço pelas
lágrimas de sangue, e a coroa de espinhos infectos na cabeça sublime,
não diria que Ele era o Governador da Terra e que, por amor, trocara as
estrelas rutilantes pelas sombras do mundo, a fim de tornar-se para os
tristes e confiantes, os sofridos e amantes uma via-láctea de redenção,
pelos rumos do Infinito.
Confia nele, alma sofrida, e não sofras mais,
não te desesperes, nem te creias a sós.
((Joanna de Ângelis))
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