Sєjαм Bєм-Viηdσs!!!
No desequilíbrio dos mares, as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram, é que
certamente tu vinhas. Eu te esperei todos os séculos sem
desespero e sem desgosto, e morri de infinitas
mortes, guardando sempre o mesmo rosto. Quando as
ondas te carregaram meu olhos, entre águas
e areias, cegaram como os das estátuas, a tudo quanto
existe alheias. Minhas mãos pararam sobre
o ar e endureceram junto ao vento, e perderam a cor que
tinham e a lembrança do movimento. E o sorriso
que eu te levava desprendeu-se e caiu de mim: e só talvez
ele ainda viva dentro destas águas sem fim.
(Cecília Meireles)
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