Às vezes estamos tão certo do que
queremos, tão obscecados com o objetivo final que paramos de observar o
que realmente importa. Não nos atentamos com os detalhes da caminhada.
Só nos preocupamos com a medalha, o pódio, a vitória! Acontece que a
vida é sábia, nos prega peça, nos faz aprender na marra!

Ela
coloca uma pedra no caminho, no faz tropeçar. E vejam só: ao cair,
podemos enxergar aquela pequena e delicada flor solitária que ali
estava e que possivelmente não a enxergaríamos se não houvesse a queda;
certamente ela seria esmagada por nossa ganância de chegarmos com
rapidez do outro lado da faixa de chegada.

É importante perceber
que de nada vale o prêmio se você não tiver história para contar como
foi para conseguir aquele feito. No final das contas, a batalha vale
mais que o próprio prêmio. Você é feito de queda, de erro, de acertos,
de erros novamente, de aprendizados, de novos amigos, de novas paixões,
de um dia de farra, de um dia de cama. Pare de olhar sempre pro
horizonte, olhe nos olhos!

Foi uma questão de mês e eu perdi o
foco. Ou melhor: eu foquei em não focar, em não querer, em não sentir,
em não viver. Mas daí adivinhe, a vida me fez cair! E encontrei um
lindo pássaro com uma de suas asas machucadas. Não pensei duas vezes;
eu o trouxe aqui pra casa. Dei água, comida e tratei de sua pequena asa
com muita dedicação. Acreditei que eu estava cuidando dele. Inocência a
minha. Aos poucos eu percebi que era ele que havia me curado, há tempo
não sorria assim. Criou-se um laço, um vínculo sem prisão. Ele vinha me
visitar diariamente, e ficávamos ali conversando, nos olhando,
desabafando. Ele era especial pra mim, e sem saber o motivo esperava
ansiosa por sua visita e sentia algo sempre que ouvia seu canto. Um dia
ele não veio; foi aí que eu percebi que aquele algo havia virado outra
coisa sua presença já me era importante demais. Mas, incrível, bastou
eu chorar e de longe ouvi aquele canto. Lá estava ele, vindo voando,
trazendo em seu bico a flor mais linda que eu já vi.

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