MENINO DE RUA
(Summum jus summa injuria.)*
Vagando a ermo, pela praça ou pela rua,
Vai tentando adquirir nossa atenção.
Só a miséria é a grande herança sua.
Craque, no crack que substitui o pão.
Por cola, troca a humilhante esmola,
Com ela cola ao presente, seu futuro.
As drogas, frutos de sua rua-escola,
Tiram-lhe os medos, deixam-lhe seguro.
Seus sofrimentos são temas utilizados,
Para comporem os discursos mais belos,
De senadores, prefeitos e deputados,
E muitos outros, no País verde e amarelo.
Por direitos, dá-lhe a lei, vantagens mil.
Mas de fato, só tem os defeitos contados,
O alimento, a que tem direito, nunca viu,
Os alimentos não alimentam, se negados.
Oh! Pátria minha! Que dizem: -Valorosa!
Só poderás ser um país rico e perfeito,
Quando se unirem, as almas corajosas,
E fizerem o fato, acompanhar o direito.
Enquanto o povo viver só de esperanças,
E forem as leis, apenas tintas no papel,
Hão de chorar, aqui na terra, as crianças,
Há de chorar, Jesus Cristo, Iá no céu.