Perde-se a lua no sidério manto
Quando a brisa estival roçar-te a fronte
Não te esqueças de mim que te amo tanto.
Não te esqueças de mim quando escutares
Gemer a rola na floresta escura
E a saudosa viola do tropeiro
Desfazer-se em gemido de tristura.
Quando a flor do sertão aberta a medo
Pejar os ermos de suave encanto
Lembra-te os dias que passei contigo
Não te esqueças de mim que te amo tanto.
Não te esqueças de mim quando à tardinha
Se cobrirem de névoas as serranias
E na torre alvejante o sacro bronze
Docemente soar nas freguesias.
Quando a noite nos serões de inverno
A voz soltares modulando um canto
Lembra-te os versos que inspiraste ao bardo
Não te esqueças de mim que te amo tanto.
Não te esqueças de mim quando meus olhos
Do sudário no gelo se apagarem
E as roxas perpétuas do finado
Junto a cruzo do meu leito se embalarem.
Quando os anos de dor passado houverem
E o frio tempo consumir-te o pranto,
Guarda ainda uma idéia a teu poeta
Não te esqueças de mim que te amo tanto.(desconhecido)