Poeta, as minhas palavras
Andam na boca dos fados
Têm o cheiro de ervas bravas
Que brotam pelos valados.
As tuas são vaporosas
Andam nas bocas de mel
Têm a cor linda das rosas
E perfumes de channel.
As minhas são como o sono
Que me apaga o pensamento,
Humildes folhas de Outono
Que caem no esquecimento.
As tuas são tão descritas
E têm tal notoriedade
Que serão das mais escrita
No livro da eternidade.
Mas eu acho as duas belas
E, no fundo, até acredito
Que elas irão paralelas
Encontrar-se no infinito.
Mas sem fazer grande atrito
E se for vontade tua
Vou buscar o infinito
E o ponho na nossa rua.
(cândido)