A Flor e a Fonte
(Vicente de Carvalho)
"Deixa-me, fonte!”
Dizia a flor, tonta de terror
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
"Deixa-me, deixa-me, fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
“Ai, balanços do meu galho”,
“Balanços do berço meu”;
“Ai, claras gotas de orvalho”.
“Caídas do azul do céu!...”.
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Rolava levando a flor.
“Adeus, sombra das ramadas”,
“Cantigas do rouxinol”;
“Ai, festa das madrugadas”,
“Doçuras do pôr-do-sol”;
“Carícia das brisas leves”.
“Que abrem rasgões de luar...”.
“Fonte, fonte, não me leves”,
"Não me leves para o mar!..."
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...
╦╩♥ ╦╩♥ ╦╩♥ ╦╩♥ ╦╩♥ ╦╩♥ ╦
(`'•♥ ♥•'´)¸.•'♥ ♥'•.¸(`'•♥ ♥•'´)
♥ ♥======================♥ ♥
♥ßëîjøkå§ þ®å Vö©ê§♥
___\\\\SOL////____
_____( @ @ )______
__ooO__(_)__Ooo__