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Desalada
Esse mundo a minha volta
Essa volta ao tempo perdido
A voz sem sonoridade
As mãos incompreendidas
Desventuras, despedidas
Essas ranhuras da vida.
Agarram-me pelos cabelos
Assopram-me aos meus ouvidos
Tramam contra meus sentidos.
Vivendo num oco cheio de coisas inúteis
E pessoas que pesam toneladas de lágrimas
Nos meus olhos turvos, nos meus ombros curvos.
Nas linhas do meu poema eu invento um outro tempo
E mergulho nele minhas misérias humanas
Que me jogam na cara
Que me ferem os pés como brasas
E me alucinam as vozes surdas dentro das casas,
Ah meu Deus!Tenha piedade de mim:
Devolve-me minhas asas!
Claudia Morett
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