O QUE FICOU... DAQUELE NAMORADO

Do meu primeiro namorado
que me abraçou com ternura
me beijou com doçura
e entrelaçamos as mãos,
guardo não só a lembrança
que a emoção mais pura
insistiu em lapidar
nos discretos vãos secretos
do meu coração comportado.

Do meu primeiro namorado
que inaugurou minha boca
dsvirginou meus lábios
com sensual voragem,
guardo afetuosa imagem:
uma escada silenciosa
palco de sutis deejos
no pensamento atiçado
a invadir com lampejos
minha essência amorosa.

Mas guardo também um tesouro:
um broche (coroa de ouro)
com pérola bem pequeninha
para me dar a ilusão
de que dele (meu namorado)
eu poderia (... quem sabe?...)
ser a excelsa rainha
até sem qualquer pretensão
de que nosso amor perdurasse
além do tempo marcado.

Dentre essas ternas lembranças
há mais uma caixa guardada...
- Dentro delas?... peignoir verde,
fitas, rendas, rococós
sobre gaze chifon drapeada
em tom forte de esmeralda...
(seria eu a cobiçada mulher?!...)
Ou para que, encantada,
pudesse eu, acordada,
sonhar o quanto era amada?

Guardo ainda, em mim retida,
uma tarde ensolara,
um passeio combinado
ao som de alegre risada
pelas águas do Guaíba
na capital do Estado!
E nosso amor tão cuidado
não encontrou outra saída:
revelou-se apaixonado
na hora da despedida.

* Lígia Antunes Leivas *

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