
Às Seis Da Tarde
Às seis da tarde
as mulheres daquela casa
já se preparavam para a noite,
algumas riam e brincavam,
outras choravam caladas
sentindo alma sangrar,
talvez por isso ou por aquilo.
Era um choro sufocado,
pranto subia pela garganta
deixando coração em trapos.
O riso das outras ardia feito
fogo em brasa na espera
dos homens que iriam alegrar,
a troco dos parcos vinténs.
Mas as outras mulheres choravam
porque o céu se fechara para elas
e não havia escolha, viver do bom
e do melhor jamais poderiam,
estavam fadadas à sorte e nem
sonhar tinham o direito.
Às seis da tarde, para algumas mulheres,
noutros tempos, era a hora da agonia,
do mal estar, da ânsia pela batalha
que iriam travar consigo mesmas,
enquanto nas casas das ruas acima
era hora da Ave-Maria
Marta Peres
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