
No divino impudor da mocidade
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frêmito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade,
A nuvem que arrastou o vento norte,
Meu corpo!Trago nele um vinho forte
Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço,
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente,em voluptuosas danças.
=Florbela Espanca=
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