Natal não é a neve,
Não é o azeite nem o bacalhau.
Há muito que deixou de significar calor.
Natal é estar Frio
Fingindo ser chama
Que arde de compaixão.
Natal é ser-se
O que não se é.
Natal Foi
O bacalhau,
O riso verdadeiro de famílias,
Os doces amarelos,
Os bolos com brindes,
A canela,
O peru e as rabanadas.
Natal são
Lojas enfeitadas,
São preços em cartões florescentes,
São músicas repetitivas
Inundadas por sinos
Que nos encaminham
Para o consumo.
O Natal é dar,
O Natal é receber.
Ai o Natal é criança,
Quando adultos
Se permitem à entrega
De brincadeiras abandonadas à muito.
Aqui ainda é Natal,
Nesta cozinha embaciada
De cheiros e sabores,
De panelas e colheres
Repousando por instantes,
Aconchegadas por manchas e pingos
De chocolates esquecidas.
(Desconheço a autoria)
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