Nossa vida
Construímos
A cada passo,
A cada minuto,
A cada esquina,
De mãos unidas.
Sempre teu rosto e o crepúsculo,
Em teus olhos a viagem das nuvens
É um estranho presságio
Que evito decifrar.
Caminhemos
Sem perguntas
Como os suicidas
Que jamais indagam
A profundidade do abismo.
Sob a chuva de verão,
Contra as colunas da lei,
Sobre o corpo do soldado,
Com o estandarte rasgado
De qualquer revolução.
Vivemos, Dora, na certeza
De sermos amanhã
O que ontem não fomos.
( José Paulo Paes)