O ROSTO DA MINHA ALMA
No intimo da noite
Ressoam somente as pedras frias
E desertas da calçada
Ao longe, o sopro do vento
Ladeia o desfolhar das árvores
E dos meus sonhos
Em direção à alvorada
Quando tu não estás
Os meus olhos castanhos
Entornam pingos de saudade
Lágrimas frias e amargas deslizam
Pelo meu rosto branco e engelhado
Sobrevivo a cada instante
Suspirando pelo tempo desperdiçado, perdido...
Em cada ruga
E em cada poro somo a tua ausência
Que deixa minhas horas sem sentido
A minha expressão de ternura
Navega em delírio constante
E o meu rosto de dor e tormento
Vagueia no esguio horizonte.
Neste rosto esmagado pelas trevas
E arruinado em secreta amargura
Afogo o meu olhar em lamentos
À tua procura
Tantos momentos, incertos e inesperados
Nos meus traços delicados.
Aguento com desalento, as chagas
As contradições e as angustias, da vida.
Num sopro baixinho
Sussurro tudo e em segredo à minha alma sentida.
Telma Estêvão
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