VERMELHO E PRETO
A vida… o tango…
Olhares descruzados,
ritmos partilhados,
sonhos desejados…
Vermelho e preto, o contraste perfeito
Vermelho… cor… sangue… vida… paixão…
Preto… desalento… ausência… silêncio… traição…
Nas cores do tango,
com os acordes do desalento de guitarras nos seus queixumes,
a luta de uma alma traída,
numa batalha vencida…
No silêncio da vida, em gestos de fortes emoções,
desligaste a música e sacudiste o tempo,
num só momento…
Estremeceu a alma com a força do coração
Quanta paixão … quanta ilusão…
afastada… adulterada…
Sozinha… e perdida… no som de um tango que ainda chora…
solto os fonemas da alma…
nesta música de silêncios desfeitos…
O vento soprou… a lágrima rolou… o tempo parou…
Passos perdidos… desajustados…. desesperados…
O empurrão da vida numa traição sentida…
Vermelho… dor…. Preto… silêncio
Acendem-se as luzes e a música recomeça,
tocam-se os sentidos, agora definidos…
na dança imaginária de uma vida solitária…
Cai o xaile no chão,
tingido de vermelho, da dor da desilusão …
O par perfeito… agora desfeito…
Lentamente, o mundo acaba,
o sonho desaba, na morte antecipada.
O vermelho da vida tinge-se com o preto da morte…
Pela mentira, desfragmenta-se a vida,
aniquila-se a ilusão da dança perfeita da nossa paixão.
Vermelho… preto…
O compasso binário de um tango que diz adeus,
entre lágrimas de intensa saudade…
na música ardente de silêncios teus…
Mariana Loureiro
→.●๋♫ کØl ♫●.←