Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado
Conheceram-me logo por quem era e não desmenti e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara
Estava pegada á cara
Quando a tirei e me vi ao espelho
Já tinha envelhecido.
Estava bêbedo, já não sabia vestir o dominó que tinha tirado
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime...
Fernando Pessoa.
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