Você é o brinquedo que brincou, é o nervo a flor da pele, é o segredo que guardou, você é sua praia preferida, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai e sua mãe, você é o que você lembra... Você é a saudade que sente, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora... Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é a palavra dita para ajudar, os gritos, os pedaços que junta, você é a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda... Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é o que rema e não desiste, você é a ardência da revolta, você é o que você queima... Você é aquilo que reivindica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é o direito que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, atalha, busca, você é o que você pleiteia... Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga e lê. Você é o que ninguém vê.